POR ARI DO REGO DOS SANTOS (ARI DURREGO), graduado
em Geografia e funcionário público municipal
Para iniciar a nossa
discussão sobre o assunto intitulado acima, precisamos primeiramente fazer
algumas observações sobre o termo decoro parlamentar e tentar conceituar
brevemente a palavra decoro.
Decoro parlamentar: um termo que a grande maioria da
população brasileira não conhece o seu verdadeiro significado. Até mesmo os
mais bem esclarecidos sobre os assuntos do mundo político, às vezes se
confundem com o significado do termo. Pois a todo o momento são descobertos
vários atos ilícitos cometidos por alguns parlamentares (deputados federais,
senadores, deputados estaduais e vereadores) e que de acordo com a essência do
termo, isso constitui quebra de decoro parlamentar, cabendo ao próprio
Congresso Nacional (Câmara Federal e Senado), às Assembleias Legislativas
Estaduais e às Câmaras Municipais o papel de puni-los respectivamente. Mas, infelizmente,
isso pouco acontece.
Iniciam-se os processos de apuração dos fatos e,
na maioria dos casos, não se apura nada que possa levá-los à condenação. O
circo começa e os parlamentares acusados, desempenhando papel de palhaços,
fazem os seus “shows” e à população brasileira, cabe o papel da plateia
disposta, simplesmente, a dá muitas risadas já que esta não assume o seu papel
de sociedade guiada pelos princípios da democracia.
Se procurarmos no minidicionário Ruth Rocha,
encontraremos o seguinte significado para a palavra DECORO:
DECORO (Ô) sm. 1 Respeito de si mesmo e dos outros. 2
Decência. 3 Dignidade moral. 4 Nobreza, brio, honradez.
Ao analisarmos os conceitos acima, que são atribuídos
à palavra decoro, podemos concluir que os nossos parlamentares além de
decidirem sobre o nosso futuro no que cabem às decisões políticas, devem se portar
de forma íntegra diante dos interesses da nação.
Porém, o que se vê no dia a dia é que nada disso é
levado em conta no que diz respeito ao comportamento dos mesmos, e que são os
nossos legítimos representantes junto as decisão políticas tão importantes na
organização da convivência coletiva no país. Eles formulam seus próprios
princípios e estes são fundamentados de acordo com seus interesses e aspirações
como se fossem os donos absolutos do poder e não devessem explicações a
ninguém.
A falta de decoro (principalmente por parte dos
membros que compõe o Parlamento) é o maior atentado contra a democracia. Isso
porque os parlamentares são eleitos pelo povo para representá-lo junto á
elaboração das leis que vigoram no país; nas votações de projetos relacionados
ao interesse de todos; na fiscalização das ações do executivo; etc. Ou seja,
quando o povo vota neles está entregando-lhes o seu poder de decisão, as suas
vontades e desejos no que se refere ás ações políticas. E quando eles deixam de
cumprirem essas funções; se envolvem com corrupção ou decidem por si próprios,
por um pequeno grupo formado por familiares e apaniguados; estão agredindo a
honra desse povo e enfraquecendo o estado democrático.
E a falta de punição, por parte da população votante,
é a condição para a existência de parlamentares sem decoro. Sabido que eles só
agem dessa forma, porque tem o aval dessa população. Se ela estivesse atenta ao
modo de se comportar deles, fiscalizando as suas ações e banindo do poder os
que não seguem á risca os princípios éticos de um verdadeiro legislador, com
certeza seriam mais tementes àqueles que os elegeu. Agiriam de forma mais
cautelosa, respeitando a vontade dos que zelam pelo bem público. Mas para isso,
é preciso que a população tenha maior interesse pela política, seja mais
politizada para que possam ter um controle maior da situação e assim, decidir
sobre o futuro das ações políticas com consciência, já que elas dependem da
decência que cada parlamentar eleito tiver. Não se pode esperar punição apenas
por parte dos órgãos constituídos para tal finalidade, pois existe uma arma
bastante poderosa contra a falta de decoro: O voto. Eles precisam lembrar-se de
que a população votante é quem é a dona do poder. É ela quem os fazem
parlamentares ou os tornam ex-parlamentares.